
EXPOSIÇÃO MUSEU VIRTUAL ABP
TERMO DE EXECUÇÃO CULTURAL 12/2024

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“HISTÓRIA DA DAMAS”
Bem vindo a exposição museu virtual ABP.
Esse acervo de foto mostrará uma cronologia da história do jogo de damas, desde seus primórdios, ainda na antiguidade, até momentos históricos e marcantes nos dias de hoje.
Quem inventou o jogo de damas? Onde surgiu o jogo? Existia o sopro? O xadrez é a mãe do jogo de damas? Porque o jogo tem esse nome? Quem é o primeiro campeão mundial? Quando o jogo chegou ao Brasil? Quem é o primeiro campeão brasileiro? Essas (e muitas outras) são perguntas que você encontrará respostas no slide image abaixo.
Esse conteúdo é baseado no livro “Um olhar cronológico sobre a história do jogo de damas no mundo”, que condensou os trabalhos pelo mundo sobre sobre o tema, principalmente dos historiadores oficiais da Federação Mundial, Arie van der Stoep e Govert Westerveld.
Visite o acervo abaixo.
Desejamos a você uma ótima viagem pela nossa exposição virtual.

Pode parecer difícil acreditar que os jogos de tabuleiro existiram antes da linguagem escrita, mas os dados, ou pelo menos uma versão pré-histórica deles, existiram. Desde a antiguidade o jogo sempre fez parte presente na humanidade, seja para distração, atividade ocupacional ou mesmo para conseguir recursos e mantimentos por meio de apostas. O jogo africano mancala é tido o mais antigo do mundo, com mais de 6000 mil anos de existência. 
O Real Jogo de Ur é o jogo de tabuleiro mais antigo do mundo que se tem em forma física, originado há cerca de 4600 anos na antiga Mesopotâmia. Esse exemplar do jogo é de madeira e concha, encontradas no Cemitério Real de Ur, sul do Iraque, entre 2600–2400 a.C. Museu Britânico. Museum number 1928,1009.379.h 
Outro jogo que data da antiguidade é o “senet” (em alguns lugares fala-se senat). Amado por Tutancâmon e pela rainha Nefertari, senet é um dos primeiros jogos de tabuleiro conhecidos, datando de mais de 3400 a.C. O tabuleiro do jogo é composto por trinta quadrados, dispostos em três linhas de dez. Caixa de jogo de marfim para senet. Egito, 1400-1200 a.C. Encontra-se no Museu britânico Museum number EA66669 
No túmulo de Nefertari, situado no Vale das Rainhas em Lucsor Ocidental, datado da XIX dinastia (1250 a.C.), existe uma pintura da rainha jogando senet após a morte entre a esplêndida decoração parietal. A rainha Nefertari viveu por volta de 1300 a 1255 a.C. e foi a primeira esposa do faraó egípcio Ramsés II. 
O pente-grammai (ou jogo das cinco linhas), era jogado entre dois jogadores em um tabuleiro com cinco linhas, tendo uma cavidade em cada borda, onde existia cinco peças. Presume que o jogador deveria avançar todas as suas pedras para a linha sagrada do lado do adversário. Para os movimentos era jogado um dado, que indicava a cada jogada quantas casas avançar. Essa linha sagrada, a mais importante do jogo, por muito tempo, foi identificada como uma inspiração da grande diagonal do jogo de damas moderno, mas um olhar no tabuleiro nos remete facilmente que o jogo das cinco linhas não fora um ancestral que possa ter evoluído para o jogo de damas. São jogabilidades e tabuleiro totalmente diferentes. Indica-se que o exemplar mais antigo desse jogo é uma mesa de jogo em miniatura de terracota pintada encontrada com um dado cúbico em Anagyros (Vari), na Ática, em uma sepultura datada de meados do século VII a.C. 
O Petteia (em uma tradução próxima “pedra” ou “seixas”) também não possui descoberta nenhuma literatura do conjunto de suas regras do jogo. Muitas informações sobre esse jogo de tabuleiro vêm do filósofo Platão, que menciona que ele veio originalmente do Egito. Isso poderia significar que Petteia é pelo menos parcialmente derivado do jogo conhecido hoje como “Seega”. Platão, que vivera aproximadamente entre 428 a.C. a 347 a.C., em seu livro “República”, compara as vítimas de Sócrates a “maus jogadores de Petteia, que são finalmente encurralados e impossibilitados de se mover por outros espertos”. Outras referências ao jogo vêm de Políbio (203 a.C. a 120 a.C.), o historiador grego, que elogia seu aluno Cipião Aemiliano dizendo que “ele destruiu muitos homens sem batalha, cortando-os e bloqueando-os, como um esperto jogador de petteia”. 
Na Roma antiga que foi o “Ludus duodecim scriptorium” ou “XII scripta” (doudecim scripta). Em uma tradução livre corresponde a “jogo de 12 marcações”. O doudecim scripta tem a jogabilidade que se assemelha ao jogo grego pente grammai e em alguns escritos é direcionado como um possível percursor do alquerque, e este, por sua vez, se transformou no jogo de damas moderno. Sua jogabilidade, porém, leva-o no caminho de ser o ancestral do atual gamão. A mais antiga menção a este jogo encontra-se na obra de Ovídio Ars Amatoria “A Arte de Amar”, escrita entre 1 a.C. e 8. O primeiro jogador romano de duodecim scripta de que há registo foi o cônsul Públio Múcio Cévola, que viveu no século II a.C. e de acordo com Cícero, Públio jogava tão bem que “era capaz de jogar de olhos vendados” (o que poderá muito bem ser simplesmente uma força de expressão). 
Na Roma antiga, dentre muitos jogos de tabuleiro existentes, havia um jogo parecido ao petteia, do qual muitos dizem ser originado (ou inspirado) no próprio jogo grego: estamos falando do “latrunculi” (em tradução aberta “jogo de ladrões”). O latrunculi era um dos jogos mais populares existentes na era de ouro do império romano. A jogabilidade do latrunculi consistia no seguinte: as dezesseis peças iguais (Latrones) são dispostas no tabuleiro, duas a duas e por último é colocada a peça diferente (Dux). Os jogadores, na sua vez, podem movimentar qualquer pedra na horizontal ou vertical, uma casa de cada vez, mas, como o petteia, nunca na diagonal. Somente o general (dux) pode pular qualquer peça no tabuleiro, porém, não é assim que se capturam peças. 
Chegamos aos jogos árabes judaicos, ponto cronológico na história que nos remete aos ancestrais do jogo de damas. Um dos jogos mais antigos do mundo, o alquerque dos 03, tem seu tabuleiro com um quadrado subdividido em oito triângulos através de uma estrela de oito raios para um total de nove pontos jogáveis. No “Libro de los juegos” (1283) diz que sua jogabilidade propõe cada jogador com três peças e jogando sem dados. Sendo o objetivo do jogo formar primeiro um moinho ou linha de três peças aconselha sempre colocar a primeira peça no centro do tabuleiro, tendo o máximo de opções para formar um moinho. Este jogo muito simples é como a duas variantes modernas, muito jogadas atualmente: o “jogo da velha” na América, e o “zeros e cruzes” na Grã-Bretanha. Vestígio de jogo do alquerque dos três – Igreja das Servas, torre e claustro – igreja em Borba, Portugal. 
Alquerque dos 09 foi descrito no “Libro de los juegos” com duas formas de jogar (com dados e sem dados) e era jogado em um tabuleiro com três quadrados concêntricos cujos pontos médios são conectados por linhas verticais e horizontais para um total de vinte e dois pontos jogáveis. Vamos nos atentar ao jogo sem dados que é a versão mais conhecida da família dos jogos do moinho. Como o nome sugere, cada jogador tem nove peças para desenvolver seu jogo. Vão posicionando peça a peça, alternadamente no tabuleiro. O objetivo neste alquerque é formar moinhos de três peças, e cada moinho formado permite a remoção de qualquer peça do adversário do tabuleiro. Historiadores posteriores também explanaram em suas obras sobre esse jogo, que é a trilha, muito jogada recreativamente no Brasil nos dias de hoje. A imagem reflete descoberta arqueológica do jogo na Rússia, no século XVI. 
O nome alquerque provém do árabe Al-Qirkat, com uma tradução próxima “o tabuleiro”. São muitos os jogos que têm essa estruturação e são três as variantes mais conhecidas do alquerque que sobrevive até hoje, desde a Idade Média: o alquerque dos 03, o alquerque dos 09 e o alquerque dos 12. O alquerque, assim como o jogo de damas, não pode ser denominado apenas como um jogo único. Podemos defini-lo como uma “família de jogos”, devido existir jogabilidades diferentes em vários cantos do mundo, bem como, diferentes formas de tabuleiro para o jogo, mas sempre utilizando linhas para direcionar o movimento. São jogos muito antigos sendo encontrado traços de seu tabuleiro em gigantescos blocos de pedra no templo de Kurna, no Egito, construído por volta de 1400 a.C.. Não há, porém, evidências que esses traços sejam desta época, ou feito posteriormente. O famoso livro do Rei Alfonso X de Castela (Alfonso, o sábio) “Libros de los juegos”, datado de 1283, menciona três formas de alquerque, o que comprova que esses jogos eram jogados e populares desde o século XIII, no mínimo. No “libro de los juegos” o texto diz que o alquerque dos 12 é jogado em um tabuleiro de vinte e cinco pontos, dispostos em uma tabela de cinco colunas e cinco fileiras, todos conectados por linhas horizontais, verticais e diagonais. Esse tabuleiro é o quádruplo do tabuleiro onde é jogado o alquerque dos 03, o que levou alguns historiadores definir que o jogo de damas tem ancestralidade de mais de 4000 anos. 
O jogo anadarraya é o elo entre a cultura dos jogos em linha dos mouros judaicos e o jogo de damas jogado no tabuleiro do xadrez. Conhecido no reino de Aragão, onde está Valência, berço dessas alterações definitivas para o jogo de damas moderno, como marro de punta, é um jogo jogado em diagonal, sempre com movimento para frente. Há comprovações históricas da existência desse jogo do início do século XV, pelo menos, corroborando cronologicamente para esse mutação do jogo. 
Na segunda metade do século XV, na região de Valência, Espanha, o jogo marro de punta (andarraya) migrou para o tabuleiro do xadrez (possivelmente para ser apagado os lastros da cultura judaica que jogava com tabuleiro em linhas). A damas espanhola segue até os dias de hoje jogando com a grande diagonal a direita (como o marro de punta). Nos outros cantos do mundo o jogo de damas seguir a posição do xadrez, com a grande diagonal à esquerda. 
A considerada citação mais antiga sobre o jogo de damas moderno foi a publicação mencionada por Eloi d’ARMEVAL no seu “Livre de deablerie”, impresso em Paris em 1508. Os estudiosos avaliam que foi por volta da segunda metade do século XV em diante que surgiu a regra da coroação da pedra em dama com o poder de ação longo (a dama longa), podendo se movimentar para frente e para trás e, principalmente, se mover por quantas casas estiverem desocupadas pelas suas diagonais, inclusive nas capturas. A regra de captura obrigatória sob pena do sopro (conhecida na literatura europeia como “Huff”) é iniciada na Europa nessa mesma época, possivelmente na França. Essa regra tornou o jogo mais atraente e abriu caminho para publicações de diagramas de mate do jogo. O fim do sopro nas regras do jogo deu-se em meados do século XIX. 
O nome “damas” no jogo de damas não se refere a um jogo jogado por mulheres no século XIX na França, enquanto os homens jogavam xadrez. Estudos do historiador van der Stoep decifrou que “damas” vem de “dam” palavra flamenca holandesa que significa “dique”. 
A expulsão dos mouros judeus da península ibérica no século XV fez com que o jogo de damas se espalhasse pelo mundo, já que o jogo era muito popular na Espanha. Com essa movimentação em massa por toda Europa e norte da África, o jogo de damas logo passou a ser praticado em todo mundo. 
O primeiro livro específico de damas foi escrito em 1547, mas o mais velho exemplar do um livro de damas existente data de 1591. 
Existem inúmeras fontes seguras que o jogo de damas era jogado e muito popular em todo mundo já no século XIX, 
No século XVII tivemos o surgimento do jogo de damas de 100 casas. Mesmo sendo mais novo, ainda é rodeado de algumas incertezas quanto a sua história, mas as evidências materiais mais antigas desse jogo indicam a Holanda como o país mãe do tabuleiro de 100 casas, o jogo de damas internacional. Esse tabuleiro de 100 casas data de 1696 e que se encontra preservado no Westfries Museum Hoorn na cidade de Hoorn, na Holanda, é a primeira e irrefutável prova de que a damas de 100 casas já existia na Holanda, décadas antes do publicado pelos franceses. É um tabuleiro de jogo quadrado, medindo 38 centímetros por 38 centímetros (com moldura), utilizável em dois lados, com o jogo de damas internacional na frente e o jogo de moinho (alquerque dos 09) no verso . 
Na segunda metade do século XIX o jogo de damas tomou o rumo competitivo a grandes disputas surgiram, principalmente na Europa, onde, rm 1885 iniciou o Torneio Internacional, entre os tidos melhores jogadores do mundo. A partida de 1899 a competição foi considerada como Campeonato Mundial, sendo o francês Isidore Weiss, reconhecido como primeiro campeão mundial da história. 
Após uma evolução gigantesca do jogo de damas como esporte continentes afora, em 1947, foi fundada a Federação Mundial de Jogo de Damas. A foto ao lado eterniza a fundação da FMJD, que hoje filia quase 80 países. 
A primeira competição no Brasil comprovada em documento foi em 1905, na capital paulista, que junto com o Rio de Janeiro e Niterói sedimentaram o crescimento da modalidade no Brasil, na primeira metade do século XX. O primeiro livro publicado no país é do 1940, de autoria do ícone Geraldino Izidoro (capa do livro na imagem). 
Publicação no jornal Estado de São Paulo (Estadão) de 21 de abril de 1905 é o documento mais antigo de uma competição de jogo de damas no Brasil. 
Encontro Rio de Janeiro x São Paulo, realizado em 1954 foi o marco histórico da unificação das regras do jogo em 64 casas no Brasil e no mundo. Essa ação refletiu mundo afora proporcionando a realização do 1º Campeonato Mundial de 64 casas décadas depois. 
Maiores campeões do mundo – Alexander Georgiev (Rússia) – 10 títulos mundiais de 100 casas e 01 título mundial de 64 casas. 
Maiores campeões do mundo – À esquerda, Alexander Schvartsman (Rússia) – 05 títulos mundiais de 100 casas e 07 título mundial de 64 casas. à direita, Alexei Chizhov – 10 títulos mundiais de 100 casas. 
Maiores campeões do mundo – Zoja Golubeva (Letônia) – 16 títulos mundiais de 100 casas. 
Maiores campeões do mundo – Allan Igor (Brasil) – 05 títulos panamericanos de 100 casas.
